ARTESCRITA

Algum Lugar
Paloma Vidal
A mudança do Rio de Janeiro para Los Angeles força um casal a lidar com o vazio e a solidão, encarando as próprias fragilidades, desejos, angústias. No estranhamento das línguas e culturas que se misturam, a narradora nos conduz para dentro de uma geografia íntima onde vão se diluindo as fronteiras entre personagem e autora, entre fato, sonho e ficção. Em “Algum Lugar”, Paloma Vidal explora a sensação de deslocamento e pertença, num romance em que pulsa, viva, a arte da escrita.
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PERAMBULAR
Roberto Stavale
Na velha rua de terra batida
Pisei descalço... só em meus percalços
Andei à-toa... para encontrar feridas
Chagas expostas... no âmago tristonho
Bosquejos de um pesadelo... ou de outro sonho
Assim... com a alma triste... plúmbea e caída
Segui apitos de um trem arfante
Fumaças... cinzas... e... as despedidas
Ficaram nas retinas e nos pensamentos
Condoído embarquei no tempo
Procurei. em vão em cada vagão
Tua silhueta... teus seios... e os teus sorrisos
Mas... só encontrei desilusão
Voltei tristonho e perambulando
Pelas praias quietas... murmulhos isolados
Ecoando o choro... que dos olhos brotam
Cansados e cismados em não ver a tua imagem
Implorei pedi... fiz promessas santas
Mas... como recompensa dessa via-sacra
Crucificado na cruz dos desolados
Ferido e magoado em anseios doidos
Avistei apenas... a cruel miragem
Fantasias... venenos... quais no peito ardem
Trazendo a febre da ingratidão...
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