Solo
Juremir Machado da Silva
Esta é a história de um homem do seu tempo, este nosso tempo tecnológico e neo-romântico de aceleração vertiginosa dos desejos mais inconfessáveis e das (des)crenças de todas as ordens. SOLO conta a vida desse homem dividido entre a busca do sucesso profissional, alcançado precocemente na publicidade, e um grande amor fracassado. Tudo na sua vida é tragicômico. Em algum momento, tudo esteve ao alcance da sua mão. Bastava ligar e pedir uma pizza. Depois, restaram-lhe os controles remotos da televisão, do aparelho de som e do DVD. É nessa época que tentará encontrar um sentido, talvez até mesmo algo anacrônico, o sentido da vida.
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Acordei pássaro
Sirlei
Com a lentidão discreta
Do vespertilho que adormece,
Acordei pássaro.
Com o leme voltado às flores,
Voei a não mais ter asas.
Voltado aos temperos,
Observei a calma do tomilho
Que contrasta com a indisciplina do alecrim;
Um cresce escorregando na terra
Outro se precipita para fora do jardim.
Na floreira da sacada,
Substituíram as flores
Por ervas de cheiro
Mas deixaram, no centro do canteiro,
Um pé de primavera
Para não decepcionar os pássaros.
Hoje acordei pássaro.
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