canto de bruxa
líria porto
era uma vez acredite
uma criança mirrada
espertinha pá virada
que nasceu lá no planalto
malcriada topetuda
não queria ser rainha
e de longe admirava
quem freios também não tinha
parecida com o pai
a origem não negava
sua língua era ferina
suas unhas afiadas
os olhos de folha seca
cor acanhada mortiça
disfarçavam muito bem
os desperdícios da alma
dos filhos a mais feiosa
doentinha magricela
crescia a erva daninha
sem nenhuma contenção
junto ia o coração
que pendia para o lado
onde o fraco se rendia
já adulta pobre moço
aquele que a amou
pois com tanta rebeldia
nem a casa ela varria
não julgava obrigação
essa doida era varrida
explodia-se ao fogão
os cabelos branquearam
de vermelho se coraram
e um brilho se instalou
seu olhar então mudou
assumiu sua loucura
acendeu o caldeirão
e em fogo muito brando
cozinhou-se com_paixão
hoje voa vaga flutua
tricota faz doce cose
vira a noite pelo dia
sua alma não encolhe
pois ela ainda acredita
montada numa vassoura
que pode mudar o mundo
ser avó feliz - e doida
Um comentário:
Eu também quero ser avô, sem vassoura, quando será?
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