Partida
Dora Vilela
vago pela cama macia
branca, imensa, fria,
sem véu, sem cortina,
despida, nua, incontida
no côncavo do leito
seu corpo se deita ainda,
e eu aspiro entre soluços
sua inútil presença vazia
no desencontro das horas
nossas almas se bastavam
entre ardências e procuras
nas dobras das auroras
não são adeuses que doem,
mas são as lutas infindas,
inexplicadas, mal-vindas
minhas lágrimas por ventura
batiam na estátua pura
em que se transformou seu corpo
imerso na nostalgia
nossos sonhos restituídos
para meus sonhos apenas
refluíram, e, de manso,
se esfumaram na partida
de doído, o que ficou
foi o vazio, o oco, o sem sentido,
onde, embora, outrora, descabido,
cabia você, como escolhido.
Valeu Dora, sua permissão para postar essa beleza de poema. Obrigado.
2 comentários:
Muito bonita a poesia...
Parabéns Dora!
Bonitinho, tenho uma reclamação a fazer...
Nunca tem uma poesia sua e eu sei que você escreve muito e muito bem.
Quero vem muita coisa sua aqui neste blog!!
E tenho dito.
bjux querido!
Olá garota.
Muito obrigado pela sua participação. Volte sempre. será um prazer.
Muito obrigado.
Postar um comentário